José Miranda Justo
CFUL/ Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
José Miranda Justo (b. 1951) obtained his Ph.D. in 1990 at the University of Lisbon with a thesis on "Themes of Philosophy of Language in J.G. Hamann and J.G. Herder". He has taught since 1976 at the Faculty of Humanities of the University of Lisbon in the following areas: Philosophy of Language, History of Hermeneutics, Translation Theory, Modern and Contemporary Art, and Literary Theory. He is a member of the Research Center for Philosophy at the University of Lisbon where he currently leads a project on the translation of Kierkegaard’s works from Danish into Portuguese. He has published extensively on the above mentioned areas. Amongst others, he has translated works by Wilhelm von Humboldt, Schleiermacher, Kierkegaard, Wagner, Nietzsche, Marx, Rancière and Deleuze |
Criatividade artística: conhecimento, afectos, imaginação e linguagem
A singularidade da experiência estética diz respeito não só à recepção da obra por parte do espectador, mas também a tudo aquilo que acontece do lado do sujeito produtor da obra. A singularidade distingue-se da generalidade e da universalidade, mas é também fundamentalmente diferente da particularidade que caracteriza muitas outras experiências. Quando Gilles Deleuze introduz a distinção entre «conceitos», «afectos» e «perceptos», situa-se num plano em que a singularidade conceptual, por um lado, e a singularidade estética, por outro, desempenham um papel activo e configurador que a primeira parte desta comunicação procurará examinar.
A singularidade estética, porém, é um processo que implica instâncias de mediação várias, designadamente no que toca às funções da imaginação e à participação do pathos, da poiesis e, consequentemente, também da linguagem, mesmo nas obras de carácter eminentemente visual ou na criação musical. A elucidação desta constelação complexa ocupar-me-á na segunda parte da comunicação e levar-me-á a revisitar alguns momentos mais relevantes da tradição da reflexão estética, designadamente na respectiva articulação – umas vezes mais explícita, outras mais potencial – com certos tópicos da filosofia da linguagem.